22 de Noviembre de 2013 | Journal do povo, Brasil |
Patricia Ratto vs. Ronaldo Correia de Brito |
Papel da televisão divide debatedores |
Ronaldo Correia de Brito e Patricia Ratto divergiram sobre os malefícios que a TV pode trazer à leitura A celeuma não é recente, mas gerou debate na última mesa desta sexta-feira, 22, na Festa Literária de Aquiraz (Flaq) - que acontece na Engenhoca Parque Educativo, bem no Centro Histórico da Cidade. Ronaldo Correia de Brito, autor de Galileia (2008) e Estive lá fora (2012), e Patricia Ratto, que assina a narrativa de Transfondo (2012), divergiram sobre os malefícios que a televisão poderia trazer à leitura. O cearense, que é colunista do O POVO, foi implacável. "A TV é contra a leitura. Por mais que alguns dramaturgos de novela façam propaganda com atores lendo, isso é muito pouco diante de todo o mal, toda a dispersão que ela cria e faz contra o livro", avalia, pontuando que a TV não consegue aprofundar conteúdos. Na plateia, estava o escritor Mário Prata - que participou da mesa anterior - e já fez novelas para a Rede Globo. A argentina saiu em defesa da mídia, dizendo que, mesmo numa casa com TV, ela sempre foi leitora. "Não creio que a TV conspire contra a formação de leitores. Mas tenho que dizer que eu talvez seja leitora, porque tinha na minha casa a TV, mas também a minha avó que lia para mim e os livros ao alcance da mão", justifica. "Meus filhos também viram TV e hoje são leitores. Mas a maioria da população brasileira mora em casas que não têm mais do que 40 metros quadrados; é uma família inteira de cinco ou oito pessoas. Num ambiente assim, onde a TV é onipresente e ocupa todos os lugares, ela é danosa", reagiu Ronaldo. Para Ratto, uma solução pode ser cercar de livros exatamente essas casas, onde as pessoas ainda não se sintam preparadas para entrar numa biblioteca. "Mas se não vier com uma nova política de leitura e uma mudança no modelo de educação, será como dar roupa a índio", retorquiu Ronaldo. "Nunca diga a uma criança, como castigo: 'Vou deixar você sem TV e você vai pro quarto ler'. A leitura não tem que ser um castigo", avaliou Patricia Ratto. Os dois leram também trechos de seus romances que têm a ditadura militar como pano de fundo. |